quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Falando um pouco sobre Chapada - A Descoberta de Uma Paixão

      Chapada partiu de uma mistura de tantas ideias, eu ficava imaginando situações em que uma pessoa famosa (mulher, invariavelmente) ficasse perdida num lugar desconhecido e sem ter em quem confiar. Salvador permanecia como cenário na minha imaginação, mas como ela ficaria perdida numa cidade? Surgiu então a próxima ideia: um sequestro! Essa famosa seria resgatada de um sequestro e teria que confiar num desconhecido para sair da zona de perigo e conseguir contato com a sua produtora.
     

   Hum, isso soa com algo parecido. Quem assistiu ao filme Um Lugar Chamado Notting Hill encontrará semelhanças com a minha criação, só que a personagem Anna Scott (Julia Roberts) estaria em perigo e não fazendo apenas uma visita inesperada a uma livraria. Sim, mas e aí? Como surgiria a relação entre os personagens? Eu já pensava em algo para isso, eles teriam que passar pelo menos um dia inteiro juntos para que pudesse rolar certa afinidade.
   
   E essa ideia ficava me cutucando mentalmente enquanto escrevia Ambiguidade, cheguei a cogitar em inserir algo parecido no meio do contexto, porém, seria desperdiçar duas histórias para criar apenas uma. Deixei a criatividade de Ambiguidade fluir para só depois retomar as novas ideias. E isso foi benéfico!

   Tenho um vizinho que além de amigo é também aventureiro e por acaso ele estava mostrando umas fotos de um rapel que fez numa das cachoeiras na região baiana da Chapada da Diamantina. Sempre conversamos sobre sessões de aventura, coisas do tipo acampar, fazer pesca com mergulho, trilhas de moto e 4X4, caçar, rapel, etc. Ele possui literalmente o espírito aventureiro. Como nada é por acaso, nesse período estava ocorrendo uma apresentação de jazz na região da Chapada que também é famosa por ter o Festival de Inverno de Lençóis.

   Minha mente criativa começou a trabalhar: uma personagem famosa em situação de risco, poderia ser sequestrada e levada para um cativeiro dentro da mata. Hum, pode ser uma cantora, que estava a caminho de Lençóis para se apresentar no Festival de Inverno! Pronto, uma parte da história já estava formada.

   Mas, e a outra parte? Já estava mais do que lógico! Me basearia nas conversas que tive com meu vizinho aventureiro para descrever o personagem que salvaria a cantora, Pérola, das mãos dos sequestradores. Se tornaria muito fantasioso imaginar que um único homem seria capaz de enfrentar um grupo armado e bem estruturado. Para que a situação ideal fosse criada, Pérola consegue escapar do cativeiro por conta do vacilo de um dos sequestradores, mas acaba se machucando e caindo desacordada no meio da mata.

   Artur, o personagem aventureiro e herói da história, por um acaso do destino aproveitou seus dias de férias para realizar uma trilha de aproximadamente uma semana por entre as matas da Chapada da Diamantina e num determinado dia acaba encontrando o corpo de Pérola desacordada e ferida. Inicia-se o processo de resgate de Pérola e num determinado momento ela desperta, se deparando com o seu salvador.

   Esse período em que estiveram no meio da mata, inconscientemente, acaba criando um laço afetivo entre os dois. Uma linha paralela na história é criada: uma investigação para tentar encontrar os sequestradores ao mesmo tempo em que Pérola estava fugindo com Artur por dentro da mata. Desfechos inesperados acontecem, o dinheiro do resgate é pago e desaparece junto com os sequestradores, Artur é tratado como suspeito e Pérola se torna a peça chave para libertá-lo, porém, por motivos diversos seus equipamentos desaparecem.

   Uma colega de trabalho já leu o livro e percebeu que criei situações que dão brechas para escrever mais dois ou três livros com a continuação dessa história. Pérola retorna à civilização e Artur volta à sua vida simples, enquanto o produtor de Pérola, Roberto, se encarrega de recompensar Artur por ter salvado sua cantora. Não bastava apenas a recompensa, Pérola se sentia isolada, sem ter em quem confiar enquanto se recuperava dos ferimentos e de uma perna quebrada. Ela então busca o contato de Artur e começa a estabelecer uma conversa via celular (Whatsapp) e não sei se é novidade no mundo dos livros, em pelo menos duas páginas eu inseri imagens simulando uma conversa por um aplicativo:

   Talvez essa imagem represente o início do relacionamento entre Pérola e Artur, que por vezes se desencontravam na conversa. Um enviava a mensagem e aguardava ansioso pela resposta do outro, o que vinha a acontecer no dia seguinte. Em outro momento, era tanto assunto para conversar que as mensagens vinham desencontradas. A relação entre eles evoluía até Pérola sugerir que Artur viajasse para ver um de seus shows, mesmo com a perna quebrada, tudo sendo bancado pela produção.

   


   Enfim, de alguma forma eles começam a entender que se não houvesse o sequestro nunca teriam se conhecido, que há males que possam vir para o bem e Artur acabou se tornando o confidente e amor de Pérola, com alguns percalços é claro. Existe muito mais na história que não foi contado.

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