terça-feira, 17 de maio de 2016

Publicando seu próprio livro. Missão: Conteúdo!

   Olá a todos! Eu não fazia ideia que já tinha exatos 15 dias sem postar aqui. Já assisti a filmes, estou finalizando seriados na NETFLIX e procurando tempo vago para concluir o terceiro volume de Chapada também. Junta-se a isso a sobrecarga no trabalho, a dedicação à família e às tarefas domésticas, mas vamos lá deixar essas lamentações de lado.

   O tema de hoje para quem deseja publicar um livro será justamente aquele que o escritor decidiu ao iniciar a produção de seu livro: o conteúdo. Como que ele surge? Como deve ser tratado ou abordado? Se tudo é esquematizado antes ou se simplesmente sai loucamente escrevendo a esmo?

   Quando questionei isso a Lívia Messias, sua primeira frase foi que "a ideia surge a qualquer momento", mas quando não está escrevendo realiza suas anotações para trabalhar depois. Essa é parte mais importante da mente criativa do escritor, a todo instante alguma ideia surge para que seja inserida no livro ou para a produção de outro, pois, apesar de já se ter uma história a ser trilhada, é necessário rechear o livro com um conteúdo que seja capaz de prender a atenção do leitor. E nossa mente muitas vezes é volátil, podemos esquecer da brilhante ideia para a continuação de um capítulo e provocar bastante frustração. Então, vale à pena usar o celular, uma folha de caderno, qualquer coisa para deixar guardado aquilo que você imaginou.

   Paula M. C. Basílio comentou que escreve todo o roteiro do livro prevendo o que irá acontecer no início, meio e fim. Diferente dela, Hellen Flávia, planeja tudo mentalmente. Faz-se necessário concordar que o planejamento mental de um livro pode provocar a perda de algum trecho dele, uma ideia pode surgir e o autor ser incapaz de memoriza-la para escrever posteriormente.

   No meu caso, quando escrevi Ambiguidade planejei tudo mentalmente e a história desse livro me atormentou por anos, eu já sabia como seria o início, o meio e o final. As ideias iam e vinham à medida que escrevia, surgiam novos desenrolares de histórias e acabei escrevendo mais do que deveria. Quando terminei, saí revisando e cortando tudo aquilo que considerei que estava fora do contexto do tema do livro.

   Depois veio Chapada, sabia que seria um livro grande também, mas fiz diferente, eu não escrevi um roteiro, mas sim um fluxo da história em que cada caixa poderia ser um capítulo. Não deixei a história planejada apenas na minha mente, havia as características dos personagens, o local em que se encontrariam, os conflitos que enfrentariam, coisas desse tipo. A única coisa que deixei um pouco em aberto foi o final. Isso me ajudou bastante para escrever os três volumes, por vezes pegava esse papel todo amassado e escrito no verso de um rascunho para verificar se eu estava seguindo a linha que havia planejado.

   Recomendo a quem for escrever que coloque suas ideias num arquivo de texto, por exemplo, para ir lançando ideias, características, locais, eventos, etc. Depois você vai organizando-os de tal forma que à medida que for escrevendo vai capturando essas ideias e transformando-as em parágrafos e capítulos. Essa é uma das metodologias que tenho usado. Além do livro, possuo um arquivo com as descrições dos personagens e outro arquivo com as ideias que surgem para serem inseridas no livro.

 Outro aspecto na elaboração de conteúdo de um livro é pensar nos cenários e personagens, traçar suas características físicas, personalidades, se desempenham alguma função importante, com quem se relacionará e seu papel a ser desempenhado na história.

   Não me considero o mais apropriado para sugerir algo nesse quesito, mas se servir como dica, o cenário deve ser abordado e detalhado se estiver dentro do contexto do que se está escrevendo. Uma rua mal iluminada, com as portas e janelas de casas fechadas tarde da noite pode tanto servir para um suspense como para algo romântico, mas se for descrita como algo aterrorizante para um casal de namorados não cairá nada bem. Para que o leitor possa se identificar com o personagem ou odiá-lo, é necessário saber como ele é, o que faz ou o que o tornou daquele jeito. O detalhamento do cenário vai depender de cada escritor, se ele é do tipo bem descritivo, citando a cor da parede de uma casa, a iluminação, o estado de conservação da rua, etc. A descrição do personagem pode surgir ao longo do livro, como se fosse um enigma que a cada trecho o leitor possa desvenda-lo ou então descrito quando ele aparece. Tanto para o personagem, como para o cenário, uma escrita bastante detalhista e descritiva de forma desnecessária pode desestimular a leitura.

   Mais um cuidado a ser abordado é a ordem cronológica, caso a história possua uma cronologia de dias, semanas, meses ou até mesmo ocorre em períodos distintos, faz-se necessário verificar como estão os personagens e os cenários ao longo desse tempo. Não é difícil recriar um Wolverine capaz de passar por várias guerras e se manter jovem, mas se uma jovem engravida, por exemplo, deve-se verificar se até o período do nascimento foi possível passar pelo menos nove meses de gestação. Um leitor pode ficar bastante confuso se isso não estiver claro.

   Não menos importante e também não sendo a última etapa, é a releitura do que foi escrito. Um processo que se faz necessário durante toda a elaboração do livro, fazendo-se toda a análise do contexto, da concisão, da ordem cronológica, da descrição dos cenários e das características do personagem, verificar se aquilo que foi escrito pode ser melhorado ou excluído. Sim, muitas vezes se faz necessário excluir algo do que foi escrito, pode não ser apropriado para aquele trecho ou até mesmo uma ideia melhor surgiu e ficou mais interessante.

   E mesmo quando finalizado, sempre existirá a impressão que o livro ainda não está pronto, que algo poderia ser melhorado, surgem as incertezas e daí relemos mais uma, duas, três ou mais vezes até que decidimos que é hora de nos desgrudarmos dele e soltá-lo para o público. Uma coisa é certa, se gostarmos do que foi escrito, com certeza encontraremos um leitor que também gostará do livro.


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Publicando seu próprio livro. Missão: Revisão!

   Prosseguindo com a peregrinação de publicar um livro, digamos que você já possua a ideia e já escreveu o livro ou boa parte dele, daí surge a dúvida se você é um bom escritor, não na questão de história em si, mas sim na questão do texto estar bem escrito e revisado. Sim, essa tarefa não é fácil e provoca erros muitas vezes irremediáveis. De uma pesquisa realizada com leitores, um livro mal revisado pode provocar a desistência da leitura e com isso o autor poderá cair em descrédito logo no seu primeiro livro.

   Digamos que uma das ferramentas primordiais e gratuitas de revisão ortográfica é o revisor do Microsoft Word, basta clicar num botão e ele começa a procura por inconsistências ortográficas e até de concordâncias gramaticais. No entanto, a revisão não se resume a apenas isso. Existem os diálogos, por exemplo, que precisam mostrar clareza ao leitor quem é o personagem que está "falando", ou até mesmo uma simples mudança de gêneros pode provocar uma confusão enorme de interpretação. E se um parágrafo escrito estiver confuso, de difícil entendimento?

   Um profissional capacitado a revisar um livro adota o critério de cobrança por "lauda", que pode significar uma página ou uma quantidade máxima de caracteres digitados. A média de preço cobrado por lauda possui grande variação, portanto, adotei uma média de R$2,50 por página utilizando o recurso Profissionais do Livro.

   Façamos uma continha básica de um livro com 200 páginas inteiramente escritas, descontando aí a capa, contracapa, índice, dedicatória, etc. O custo de revisão deste livro por um profissional deve sair por volta de R$500,00. Retomando as contas realizadas para o custo individual de um livro impresso de forma independente e adotando uma impressão mínima de 500 cópias, o custo a ser agregado para cada exemplar devido a revisão do livro então é de R$1,00.

   Portanto, se o livro só para ser impresso custa por volta de R$15,00 (adotando o menor preço), o escritor optando por uma capa profissional e por uma revisão também profissional já terá acrescido R$2,20 ao custo deste exemplar, passando a ter um valor de R$17,20.

   Como já dito, a revisão de um livro pode ser um fator definidor para que um leitor consiga ler sua obra até o final. As três escritoras que responderam às minhas perguntas (Lívia Messias, Paula M. C. Basílio e Hellen Flávia) em algum momento da produção literária contaram com a ajuda de alguém mais próximo, no entanto, no final optaram por pagar a um profissional mais habilitado para desempenhar essa função.

   No meu caso, inicialmente procurei divulgar os primeiros capítulos de Ambiguidade para amigos e parentes, contando que eles se tornassem os responsáveis por dizer que meu livro estava bem escrito ou não. Não deu muito certo. Então, se alguém estiver pensando da mesma forma que eu, é melhor não adotar essa opção.

   Quando publiquei Ambiguidade, eu li e reli o livro pelo menos cinco vezes por inteiro e tenho adotado essa metodologia para os demais livros. Primeiro leio com a emoção, depois vou repassando a história, na terceira lida eu vou parando nos parágrafos que não ficaram tão "claros", na quarta lida eu vou buscando alguma falha de escrita e na quinta revisão, já completamente cansado e sem paciência, ainda procuro por uma falha.

   Revelo que essa não é a melhor opção. Sempre fica algum erro, alguma falha. Não sou perfeccionista e não me julgo capaz de ser tão bom assim. Dos amigos e colegas mais próximos que acabam adquirindo um exemplar, eu peço para que sejam sinceros e anotem qualquer erro ou falha de escrita nos livros que tenho escrito. Para minha surpresa (ou não), tenho recebido boas notícias de que são poucos erros e toleráveis, alguns evidenciados por uma falha de digitação, mas que não interfere muito na leitura, se tornando compreensível.

   Devo esse resultado ao meu pai, que por ter se formado em direito e acreditar que um advogado em hipótese alguma deveria errar com suas falas ou escrita, exigia de mim postura semelhante ao revisar ou corrigir meus trabalhos escolares antes que fossem entregues ao professor. Mesmo assim eu ainda erro.

   Como a proposta dessa postagem está relacionada à revisão, talvez tenha ficado a impressão de que é necessário investir num profissional que possa realizar esse trabalho. De fato é, no entanto, confiando na qualidade de sua produção literária (como tenho feito) e sendo o mais criterioso possível nas revisões realizadas de forma autônoma, isso não impede que um autor iniciante arrisque a publicar sua obra de forma independente.

   Mas vale a dica: se não for pagar por um profissional, obtenha pelo menos um número menor de exemplares, pois, se existirem erros que prejudiquem o livro, a perda no investimento será menor. Vale à pena também pagar a impressão de um 'boneco' (um exemplar de teste) para repassar a alguém de confiança para ler e comentar sobre o que achou do texto, se tinha muitos erros, coisas assim.

   Acredite no potencial que você possui!
   Até a próxima!